lunes, 29 de diciembre de 2008

Já que eu não tenho sono, eu tenho a madrugada e os meus livros. Assim eu me deixo e não falo comigo.
A grande questão são as micro-férias. Porque longe da correria eu parei de me arrastar e me deparei comigo, me olhei.
Começamos a conversar e não nos reconhecemos. Eu e eu. Duas estrangeiras num corpo.
Essa outra parte, sem parar de falar, sem parar de fazer tantas perguntas incômodas sem respostas. Tanta inquisição sutil.
É um espelho que se mostra sem que eu me olhe.
As coisas começam a ter outra cor.

viernes, 26 de diciembre de 2008

39º

Vamos lá, talvez a febre ajude.
Por onde começo?
Ah sim, sim:
"A burguesia fede!", já disse o mestre Cazuza e as pessoas continuam repetindo num eco anormal e sem um grão de criatividade.
Sim sim...
Pelo amor de Deus, já estamos cansados demais de ouvir em pseudos-poeminhas que a culpa toda é da burguesia e do Sistema (sim, com letra maiúscula porque ele já virou entidade).
Parem um pouco de repetir incansavelmente sem refletir...
Quem é o burguês? Quem é o tal Sistema?
Você já parou pra pensar que enquanto faz sonetinhos dizendo que a culpa é toda do cara riquinho, não está fazendo mais do que prolongar a interminavel divisão das castas? O que se faz com tanto protestinho de fundo de quintal infundado é repetir e repetir feito papagaio ensinado. É isso que o tal "Sistema" tanto quer, a divisão. Você, senhor engajado, é puro Sistema camuflado.
Cai na real, meu amigo, minha amiga inteligente: pregar contra quem tem só mostra o desejo nada oculto de ter também e assim se eleva ad infinitum (como se escreve isso?) o preconceito que já existe de sobra. E tô falando do preconceito não do possuidor e sim daquele que não possui.
Tanto protesto é dor de cotovelo e se não fosse, os "manifestantes" perceberiam que correm por dinheiro, que fazem hora extra por dinheiro, que fazem crediário nas Casas Bahia pra ter a tv que brilha na casa do burguês, pra ter "status". Já foi engolido pelos valores que tanto critica.
E nem nota que o tal "burguês" é mais ou tão escravo quanto o proletário, porque sofre com todo tipo de doença psico-somática e gasta rios de dinheiro lutando contra o stress, já que vive para trabalhar e manter o patrimônio inútil.
É, caro amigo "militante", sinto te informar que o Sistema traiu a todos, pobres e ricos, cada um ferrado de uma maneira.
E sua pseudo-militância não derruba o monstrinho-sistema, só gera mais ódio contra pessoas de classes diferentes.
Quer um conselho?
Comece a escrever sobre o que é universal pra todo ser humano e não sobre as diferenças. Mostrar onde se é igual gera união e não esse ódio que ninguém precisa mais.
Ah, o Cazuza foi um poeta sim, foi sábio em reconhecer a podridão do dinheiro mal usado, mas pelo amor de Deus, tragam algo novo aos saraus e reuniõezinhas culturais.

miércoles, 10 de diciembre de 2008

"Quem não tem o prazer de penetrar no mundo dos idosos não é digno da juventude." (Augusto Cury)
Sabe, com tanta dor a gente pensa em muitas coisas. Uma delas é que é muito importante valorizar a vida e as pessoas. Tá, parece algo de auto-ajuda e até pode ser, mas não era a intenção.
Eu não sei, mas nos últimos tempos eu tive contato com um tipo de amor tão puro e forte que acho que todos os seres humanos merecem sentir isso. O amor da doação, da dedicação, algo que não sei definir bem. O amor de cabelinhos brancos, enrugado, com um sorriso sincero de agradecimento no rosto.
Quando você tem um ser tão frágil e tão forte nas suas mãos, com o quádruplo da sua idade, o mundo pára e você fica parada naquela carinha que te conta sobre a vida e tudo o que foi. Você se esquece de si por um bom tempo e percebe o outro e começa a atribuir uma importância tão grande a ele que as pequenas coisas parecem ficar diferentes.
Se eu pudesse dar um conselho a qualquer um que quisesse conselhos, eu diria: visite sua avó, seu avô. Procure saber quem eles realmente são, quem foram, o que eles carregam em si. Muitas gente chega a pensar que não entendem nada de nada porque são velhinhos, mas a verdade, meu amigo, é que enquanto estamos indo eles já estão voltando.
Dá para aprender muito com esses seres especiais, vale a pena procurá-los para um café, um papo, um abraço.
Aproveitar o tempo em que eles ainda estão por aqui, porque depois... depois são só as fotografias.

sábado, 6 de diciembre de 2008

Nonna,

"Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver
À espera de viver ao lado teu,
Por toda a minha vida."

(Vinícius de Morais/Tom Jobim)

Eu sei que vou te amar, por toda a minha vida eu vou te amar... o que ficou, é para sempre.
Obrigada é muito pouco.